Hoje teve Literatura de Cordel no Sarau, a presença de Fabrício Manca declamando sua poesia classificada no 4º Concurso Sesi de Literatura
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sábado, 12 de agosto de 2017
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
A Pedra, poesia de Fabrício Manca
Fabrício Manca em foto de arquivo do jornal Leopoldinense
O leopoldinense Fabrício Manca foi a Belo Horizonte defender sua poesia A Pedra, na finalíssima do 4º Concurso Sesi de Literatura, dia 5 de agosto de 2017. A obra foi selecionada, por membros da Academia Mineira de Letras, como uma das finalistas entre as 625 inscritas, de 92 municípios mineiros.
Fabrício Manca, o representante de Leopoldina neste importante concurso literário!
A pedra
(Fabrício Manca)
A pedra que acertaste em minha testa
É tão fria quanto tua mão que a molesta
Tão rígida quanto seu coração sombrio
Na noite que juraste ferir-me por amor
Restou-me apenas espinhos de uma flor
Que morrera de tristeza, câncer e frio
Perdi o caminho de casa naquela noite triste
Vi as desgraças reunidas, mas tu, tu não viste
Testemunhei a queda humilhante dos vitrais
Vi a agonia divertir-se enquanto esquartejava
Minha alma, tu não vira, a essa hora já estava
Recolhendo os cacos da dor que me ardia mais
Meu coração, assim como fígado de Prometeu
Regenerou-se tão rápido quanto você o comeu
Para que no dia seguinte voltasse a devorá-lo
E assim, dia a dia, o meu sofrimento eterno ia, ia…
E quanto maior meu coração, mais você o comia
Eternizando assim a agonia de não poder pará-lo
Eu era um desgraçado esmolando flor no paraíso
Oferecendo a eternidade em troca do seu sorriso
Ao som sarcástico das gargalhadas dos cupidos
Que no submundo do Éden, traficavam os amores
Arrancando a alma e a dignidade desses senhores
Em troca de todos os valores não correspondidos
E assim, no nível mais inferior da minha loucura
Eu observava tua cria porca com tamanha paúra
Que em meio a tantas quimeras e abstrações
Era ela, a fera mais desorientada, rústica e louca
Que carregava no vermelho quente da sua boca
O sangue fresco de todos os sôfregos corações
Como Atlas que carregava o peso do firmamento
Sobre minhas costas eu tinha todo o sofrimento
Dos bilhões de amores perdidos naquele segundo
Eu gemia só, aquela dor, com tamanha intensidade
Que tal era o peso do desespero da humanidade
Era assim, sobre minhas costas, o peso do mundo
Era a voz da alma que me esgoelava toda tristeza
E na afasia desesperadora da minha língua presa
Eu ruminava restos podres de poesias esquecidas
Eu era como o beato que se entrega ao ateísmo
O Poeta desacreditado que se joga nesse abismo
Onde jazem todas as inspirações desaparecidas
Não, não me negaram flores no dia seguinte
Não me era o Natal, era-me sim, por conseguinte
O dia derradeiro em que hoje comemoro a morte
O dia em que os monstros me comeram a psique
Com a beleza de quem monta um piquenique
Para devorar o fraco que se mostrar mais forte
E foi de manhã, numa súbita crise de sanidade
Que me vi dominar o amor com tanta habilidade
Que ele me parecia no colo, um filhote vulnerável
E antes que crescesse e me devorasse por inteiro
Fiz com que gritasse e se escondesse no bueiro
Onde esconde todo sentimento hostil e miserável
A pedra ainda ardia minha testa quando adormeci
E durante o sono, em um pesadelo, foi que eu vi
Que amar tanto assim, é que me foi o maior erro
Eu acordei na mais completa e absoluta solidão
E descobri sob os escombros do meu coração
Que o amor morreu e eu não fui ao seu enterro
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Concurso Sesi de Literatura,
Fabrício Manca,
Poesia
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
3ª colocada no XXV Concurso de Poesias Augusto dos Anjos
Apresentação do dia 11 de novembro de 2016, no Museu Espaço dos Anjos, em Leopoldina, MG
3º lugar – Poesia
AUGUSTO CADÁVER
Autor: Gilberto Cardoso dos Santos
(Santa Cruz/RN)
Pseudônimo: Amor Tecido
Intérprete: Fabrício Manca
Augusto
dos Anjos, poeta da morte,
Tão
jovem no leito sem vida jazia
Morreu
atacado por pneumonia
Entregue
ao destino que temos por sorte.
Um
mal invisível mostrou-se mais forte
Impondo
ao corpo feroz morbidez
Tirou-lhe
do ser qualquer altivez
Trazendo
à mente cruel prostração
Começa
a maldita decomposição
Que
prova a verdade dos versos que fez.
De
onde vieram os versos cortantes
De
góticas vestes sonoras vestidos,
Bonitos
e tristes, amados, temidos,
Quais
blocos de gelo no mar flutuantes?
Estrofes
perfeitas e aterrorizantes
Nasceram
do corpo que agora é velado
O
golpe maldito enfim foi-lhe dado
A
massa encefálica perdeu a batalha
Só
resta o lamento e pôr a mortalha
Naquele
que em vida se viu sepultado.
Se
ele pudesse agora se ver
Cadáver
em princípio de putrefação
O
que comporia perante a visão
Do
fim absurdo de seu próprio ser?
Talvez
que viesse a se exceder
E
em póstumos versos melhor descrevesse
O
drama que expôs; bem mais entendesse
A
dura verdade que poetizou
E
aos favos de fel que armazenou
Com
lúgubre gozo quem sabe sorvesse.
Com
olhar de abutre em vida se via
À
espera do instante do último alento
A
perenidade de cada elemento
O
punha em constante e íntima agonia
O
sol do otimismo não o atraía
No
vale da sombra da morte ficou
O
que haveria de ser afetou
A
filosofia do ser transitório
Vivia
à espera do próprio velório
Com
apática certeza seu afim aguardou.
Em
breve os vermes na exuberância
Da
carne sem vida, augusto banquete,
Tal
como crianças lambendo sorvete
Irão
deleitar-se sem repugnância
O
ecossistema com certa elegância
O
magro cadáver irá decompor
Quem
sabe na pétala de fúnebre flor
No
vivo tapete que venha a nascer
Augusto
inspire alguém a dizer
Que o mundo é estranho, mas encantador.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
Roda da Vida, poesia finalista do XXV Concurso de Poesias Augusto dos Anjos
RODA DA VIDA
Autor: Leandro Campos Alves
(Caxambu/MG)
Pseudônimo: Destino
Intérprete: Fabrício Manca
A vida nos ensina,
cuida, castiga e reprime.
Ama, revolta e oprime.
Alegria, felicidade e verdade,
são opostas dessa realidade.
Subimos ao céu dos prazeres,
e caímos, ao inferno dos deveres.
Somos homens imperfeitos e errantes,
somos todos do destino marcantes.
Passageiros desta louca roda chamada vida.
Nossos destinos são normas prescritas?
Ou, escrevemos a nossa própria vida?
Nossos dias passam,
são segundos, minutos, horas.
Os anos podem ser longos,
curtos não importa.
Somos todos passageiros deste expresso,
esperando o nosso regresso.
Se viemos da eternidade para a vida,
e vivemos preparando para o retorno,
por que entramos neste expresso?
Amores nascem e morrem.
Vidas crescem e povoam.
Como os dias que se sucumbem na escuridão da noite,
um dia nos renderemos ao cansaço do tempo.
E a noite será eterna.
Mas a escuridão também tem seu apreço,
que nos mostrará o outro lado da alma.
Do espirito, do destino, da fé.
Quando o desembargue dessa roda da vida,
na estação da morte chegar.
Vamos encontrar o nosso lugar,
e descobriremos que a vida só vale a pena,
se vivermos a cada momento,
como se fosse o derradeiro segundo,
da vida louca deste mundo.
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